quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O FRIO QUE VEM DE DENTRO




 Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa de uma

avalanche de neve.

Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro. Cada um deles

trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles

se aqueciam.

    Eles sabiam que se o fogo apagasse todos morreriam de frio antes que o dia

clareasse.

Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira: era a única maneira

de poderem sobreviver.

   O primeiro homem era racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e

descobriu que um deles tinha a pele escura.

Então, raciocinou consigo mesmo: "Aquele negro! Jamais darei minha lenha

para aquecer um negro". E guardou-a protegendo-a dos olhares dos demais.

O segundo homem era um rico avarento. Estava ali porque esperava receber os

juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia

sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas.

Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu lucro,

pensou: "Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso? Nem pensar".

    O terceiro homem era negro. Seus olhos faiscavam de ressentimento. Não havia

qualquer sinal de perdão ou de resignação que o sofrimento ensina.

Seu pensamento era muito prático: "É bem provável que eu precise desta lenha

para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar

aqueles que me oprimem". E guardou suas lenhas com cuidado.

O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros

os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Este pensou: "Esta nevasca

pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha."

O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente

para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava.

Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para

pensar em ser útil.

   O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os

sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido. "Esta

lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor

dos gravetos".

Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa

da fogueira se cobriu de cinzas e, finalmente apagou.

No alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna

encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de

lenha.

Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse:

"O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro".


   Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você.

Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam.

Não permita que as brasas da esperança se apaguem, nem que a fogueira do

o
timismo vire cinzas.

   Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que

você esteja.

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